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sexta-feira, 21 de maio de 2010

processo de avaliação escolar (medir, examinar e avaliar)

O QUE PRETENDO

O presente texto assume o compromisso de esclarecer os termos “medir, examinar e avaliar”, tendo em proeminência que tais termos possuem relação direta no que se refere ao processo de ensino aprendizagem, dando ênfase em uma explicação de caráter critico, do ponto de vista emancipatório, direcionado ao professor. Concomitantemente será feita a diferenciação e a relação – ou a não relação – entre estas temáticas, direcionadas ao processo ensino aprendizagem. E em um ultimo momento será feita uma análise crítica e sugerida uma opinião de como deve consistir o processo de avaliação escolar.

UM BREVE ESCLARECIMENTO

Usados cotidianamente, os termos aqui ratificados comumente podem ser expressados mas traduzem significados diferentes por mais que sejam parecidos. No processo ensino aprendizagem estes são manifestados como algo mais relevante por terem importâncias distintas.
O termo medir segundo o Dicionário da língua portuguesa da academia brasileira de letras 1988, significa: “(...) avaliar, calcular, considerar, ponderar, passar por cima de, (...)”. Esta definição procria uma problemática bastante vista no âmbito escolar antigo e atual, quando menciona o termo medir como sinônimo de avaliar. Pode ser considerado uma forma de quantificar algo para que consequentemente este seja classificado em uma categoria o termo medir, que dentro da escola é usado pelo professor para, alem de dar notas e organizar em aprovados ou reprovados, como um instrumento de poder por parte do corpo docente.
A classificação do aluno por nota torna-se prejudicial, pois não tem um olhar específico para o crescimento deste dentro do contexto escolar, deixa à parte a sua progressão e seu desempenho continuado. Só é dado importância à pontuação final que vai decidir se um aluno fica reprovado ou segue à diante. Isso pode acarretar problemas de estímulos no discente, podendo chegar ao ponto de tal pessoa parar de estudar.
Tais características fazem com que o método operacional de medir é um tanto excludente, e não provoca a evolução do aluno de acordo com o objetivo do professor, falando em palavras curtas: ”quem aprendeu, aprendeu. Quem não aprendeu, ou reprova ou passa sem aprender”. Isso reflete na qualidade da atual educação brasileira onde é colocada a lógica do sistema social vigente, o capitalismo, de que só os “mais aptos” poderão ter um bom emprego e um futuro estável, e os “menos aptos” não terão uma boa qualidade de vida.
Já o termo examinar segundo o Dicionário da língua portuguesa da academia brasileira de letras (1988), significa: “(...) considerar, observar, investigar, analisar,(...), interrogar, (...) observar com atenção.” . Levando ao pé da letra, o termo examinar vem de exame, ou seja, uma prova e caráter quantitativo, é algo que já está pré-determinado, já tem data e hora para ser feita. A educação brasileira se apropriou desse método, e utiliza atualmente em âmbito escolar, sendo que :
Nas antigas Grécia e Roma, confiava-se plenamente na
relação entre mestre e discípulo; na Idade Média, havia uma organização social em torno de profissões – que eram passadas de pais para filhos. Mais tarde, o procedimento de examinar foi trazido da China para a Europa por viajantes, mas foi só com a Revolução Industrial que os exames nacionais foram criados no ocidente, motivados, em primeiro lugar, pela necessidade de se encontrar mão-de-obra especializada
(CHARDENET, 2000, p. 47)
Dentro desta forma He a imposição da avaliação somativa, que como o “medir”, se preoculpa com a soma das notas no fim do ciclo anual letivo, que pode acarretar tanto a aprovação quanto à reprovação, tudo para atender a lógica do mercado

Já o avaliar é considerado um termo bem mais amplo e mais correto que os outros dois métodos anteriores, tendo em vista que este dispões de uma metodologia mais avançada e menos excludente, onde os objetivos do professor são voltados especificamente para o aluno que é considerado o sujeito deste processo de ensino aprendizagem.
Segundo FIDALGO (2006) a educação bancaria, que predominou durante muito tempo no meio escolar, pode ser superada a partir de varias formas, sendo uma delas a auto avaliação, no entanto, os alunos não sabem se auto avaliar justamente pelo fato de já terem uma cultura onde apenas os superiores podem avaliar – ou medir –. Então a autora coloca uma proposta de avaliação que venha suprir as necessidades do discente frente à autonomia, que se denomina avaliação qualitativo-formativa que se alimenta de pressupostos da dialógica, embasada em conteúdos sócio-culturais e que tem na linguagem um sistema de signos (VYGOTSKY) que media tal pratica e desenvolve as capacidades psicológicas do aluno.
Para ANTUNES (2008), a avaliação deve ser continuada, ou seja, o processo se alonga à todo o período de aula, realizando trabalhos individuais e em grupos que possam desenvolver um conhecimento no aluno de acordo com a sua estrutura cognitiva, que brando o paradigma da medição através de exames e provas.
DISCUSÃO
Diante de tais elucidações, percebo que o processo de avaliação do ensino aprendizagem, atualmente, continua com moldes tradicionalista, por tratar o aluno como um banco de depósito, descriminando a sua capacidade de desenvolvimento no âmbito escolar e medindo o seu desempenho através de exames, que na minha opinião e de acordo com referencias e explicações, não provam nada neste procedimento. Uma avaliação quantitativa, transporta implicitamente um reducionismo de informações acerca do aluno, alem de apenas estar interessado no resultado final do aluno que se restringe à aprovação e reprovação. O que se observa é que tal artifício obedece às normas da ordem social e economica vigente – o capitalismo – onde quanto menos critico for um “cidadão” melhor será para a continuação de tal paradigma.
A atual prática da avaliação da aprendizagem escolar estipulou como função do ato de avaliar a classificação e não diagnóstico, como deveria ser constitutivamente. (LUCKESI , 2002, p.34)

“auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de ensino- aprendizagem, e responder à sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado.” Luckesi (2002, p.174)

Assim sendo, sugiro que o processo de avaliação escolar deveria ter como principal objetivo diagnosticar o que o aluno não aprendeu durante o período estipulado. Com isso, o corpo docente poderia se apropriar de métodos para que tal discente possa aprender o que não foi assimilado. Deve ser feita uma avaliação continuada , que observa o desenvolvimento do aluno no decorrer do ano para ser visto o verdadeiro avanço do aluno, e assim quebrar o paradigma atual.

REFERÊNCIAS:

ANTUNES, C. Avaliação da aprendizagem escolar. Fascículo 11/ Celso Antunes. 7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São
Paulo:Cortez, 2002.

CHARDENET, P. A Avaliação: Formação social, cognitiva e discursiva.
Desafio para a educação. In: PAIVA, M. da G. G.; BRUGALLI, M. (Orgs.).
Avaliação, novas tendências, novos paradigmas. Trad. Elsa Maria Nitsche-
Ortiz. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2000.

INTERNET:

FIDALGO, S.S. “A avaliação na escola: um histórico de exclusão social-escolar ou uma proposta sociocultural para a inclusão?”. Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 6, n. 2, 2006. Disponivel em: http://www.letras.ufmg.br/rbla/2006_2/01-Sueli%20Salles%20Fidalgo.pdf, acesso em: 29/03/2010, às: 15:40

MACHADO,P.S.N.; BOZZO,F.E.F. “Avaliação da aprendizagem escolar”. 2007. Disponivel em: http://www.unisalesiano.edu.br/encontro2007/trabalho/aceitos/ PO26174395855.pdf. acesso em: 29/03/2010, às : 17:37.

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